Rosemberg dá “aula” explicando como o (des)governo de Bolsonaro é responsável pelo aumento dos combustíveis

Publicado: 10 de junho de 2022

O líder do Governo na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e segundo deputado estadual mais votado nas eleições de 2018 concedeu entrevista à rádio Câmara de Salvador na última sexta-feira (10). Na ocasião, Rosemberg Pinto (PT) deu uma verdadeira aula mostrando que o governo Bolsonaro (PL) é o culpado pelo aumento exorbitante do preço da gasolina e explicou porque nos governos do PT os combustíveis eram baratos.

Rosemberg – que foi funcionário da Petrobras por 30 anos – conversou com a jornalista Letícia Ratelly sobre a proposta que Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional de compensar Estados e municípios para zerar a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel e o gás de cozinha até 31 de dezembro deste ano. O projeto inclui também a desoneração dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol – que também seriam zerados – e valeria até o fim deste ano, quando o presidente pretende se reeleger. Na ocasião, o governador Rui Costa criticou a iniciativa do chefe do Executivo nacional por considerar que seriam desviados recursos da saúde, segurança e educação para garantir altos lucros das companhias de petróleo.

Para entendermos o motivo da atitude tresloucada do presidente, temos antes que saber porque o preço dos combustíveis aumentou assustadoramente nos últimos anos. Ao assumir a presidência, Bolsonaro alterou a política de preços dos combustíveis, diminuindo o refino no país. Desta forma, passamos a refinar menos do que o Brasil precisa consumir, surgindo assim a necessidade de importar derivados de petróleo, como gasolina e diesel. O grande problema desse modelo é que como a importação ocorre de acordo com a prática do preço internacional, a cobrança no comércio interno acaba seguindo o padrão lá de fora. Só quem ganha dessa forma são os investidores que, em sua maioria, são empresas e pessoas físicas ricas. “Quando se coloca isso, se amplia o valor nas bombas – no caso de gasolina comum e aditivada e diesel -, porém, aumenta a lucratividade da empresa porque o óleo é nacional. Então você acaba aumentando o ganho dos acionistas da Petrobras.

O parlamentar petista acredita que a redução do ICMS não vai acontecer e, mesmo que ocorra, será apenas um paliativo, sendo que passadas as eleições o problema retornará e quem vai ficar com ônus será a população. “Nesse momento, há uma pseudo redução, só que você reduz no preço do combustível, mantém a lucratividade das empresas de petróleo, mas diminui nos estados e municípios investimento para educação, saúde, segurança pública, infraestrutura. Na minha opinião, é um atitude eleitoreira. O governador Rui Costa está correto quando diz que essa medida é cruel para estados e municípios e não que resolve o problema, muito pelo contrário, vai ampliar as dificuldades em outras áreas que não só a de consumo de combustível”, explicou o deputado.

Guerra – A justificativa de que os valores dos combustíveis aumentaram por causa da batalha entre Rússia e Ucrânia não procede. Para Rosemberg, o que ocorre é que a política de preços de combustível está errada, já que o Brasil produz óleo suficiente para consumo nacional, desta forma, não temos porque condicionar o nosso produto a preços internacionais, afinal, não deixamos de extrair petróleo por conta do conflito europeu.

O deputado detalhou porque na época em que o PT governou o país o valor dos combustíveis era justo: “Nós produzíamos mais do que consumíamos, com isso, a gente estava exportando gasolina para a Argentina, para América do Sul. Agora nós estamos importando, sendo que estamos produzindo óleo na mesma quantidade ou mais do que no passado, além disso, não ampliamos o consumo de diesel e nem de gasolina extraordinariamente”.

Rosemberg lembrou que a solução para o alto valor dos combustíveis é instituir a política de preços que nós praticávamos quando Lula governou o país e quando Dilma foi presidente da estatal petrolífera e do Brasil. Na época, tínhamos uma Petrobras em que o lucro e os dividendos para os acionistas eram menores, contudo, era possível colocar combustível a preço menor do que do mercado internacional para a população brasileira.

O segundo deputado estadual mais votado da Bahia nas eleições de 2018, diz que o ‘entreguismo’ não resolve o problema da alta dos preços dos combustíveis e lembra que essa prática já ocorreu, contudo, sem sucesso. “A nossa refinaria Landulpho Alves foi vendida por um terço do valor de mercado. Atualmente, ela está produzindo combustível mais caro do que as refinarias estatais. Em 1995, o então presidente Fernando Henrique nomeou Philippe Reichstul para dirigir a Petrobras (entre os anos de 1999 a 2001) com o objetivo de o Estado brasileiro se desfazer da empresa, mas depois o próprio Philippe fez uma carta dizendo que seria um crime privatizar uma empresa do porte da Petrobras”, recorda Rosemberg.

Eleição – Quem decide se vai privatizar ou não é a política. Em outubro vamos escolher um lado que quer vender a Petrobras – que é o atual presidente da república – e o outro lado que quer manter a estatal pertencendo ao povo brasileiro e que possa produzir insumos mais baratos para a população. “É por isso que eu sou do time de Lula e quem quer privatizar a Petrobras é do time de Bolsonaro”, afirmou o deputado estadual.

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