“O preconceito dos sulistas em relação ao Nordeste, infelizmente, se reflete dentro do PT”, diz Rosemberg após críticas da Nacional a Rui

Publicado: 16 de setembro de 2019

Deputado estadual mais votado da história do Partido dos Trabalhadores na Bahia nas eleições de 2018, líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) por quatro anos ininterruptos e atual líder do governo Rui Costa no Parlamento baiano, o deputado Rosemberg Pinto afirmou, nesta segunda-feira (16), que estão criando “celeuma” com as declarações do governador baiano, publicadas pela revista Veja no último final de semana.

“O que o governador falou está muito mais no campo da reflexão do que de uma posição de verdade absoluta. E a sua reflexão é que não devemos ficar estáticos e presos à bandeira Lula Livre para formar alianças. Lula Livre é a nossa principal luta e desafio, mas temos que estar todos os dias disputando na sociedade uma concepção programática do nosso partido”, defendeu, ao lembrar que o chefe do Executivo baiano, durante evento com prefeitos da UPB no mesmo dia da publicação da semanal, encerrou sua fala com um vibrante “Lula Livre”. “Se ele não tivesse isso como algo importante, ele não teria falado. Está se dando uma ênfase grande à apenas uma reflexão que o governador fez”, reforçou.

Rosemberg atribui as críticas a um preconceito por parte de membros da direção nacional do partido pelo fato de Rui ser nordestino. “Há um preconceito dos sulistas em relação ao Nordeste, e isso, infelizmente, se reflete internamente dentro do PT. Se tivesse sido um governador sulista não teria tanta repercussão internamente”, criticou.

Nas eleições presidenciais do ano passado, o então candidato Fernando Haddad (PT) recebeu 69,7% dos votos válidos no Nordeste – única região do Brasil que o petista conseguiu derrotar Jair Bolsonaro. Haddad contabilizou 20,3 milhões de votos dos eleitores nordestinos. Desse total, a Bahia garantiu a sua vitória em 411 dos 417 municípios. Na capital baiana, o petista venceu em 17 das 19 zonas eleitorais da cidade. No maior colégio eleitoral do país, São Paulo, das 645 cidades paulistas, Bolsonaro venceu em 631. “Aqui fomos para briga com Haddad”, lembrou.

Sobre a aliança com Ciro Gomes, Rosemberg afirmou que a leitura feita pelo governador foi do momento. “Eu também cheguei a fazer uma colocação pública da possibilidade de apoio a Ciro [Gomes]. Depois me arrependi, porque Ciro saiu chutando todo mundo quando descobriu que não seria o candidato. Ficou comprovado que ele não era a pessoa preparada para conduzir o processo da sucessão presidencial. Mas isso é coisa do passado”, disse.

Em relação à disputa em 2022, Rosemberg disse não ter interpretado um lançamento antecipado de candidatura a presidente da República. “Rui é muito ponderado nessas questões. Eu li a entrevista e entendi que ele disse que seu nome está à disposição para uma disputa pública. Ele coloca à disposição do PT, mas com isso ele não quer dizer que estaremos abrindo mão da luta pela liberdade do presidente Lula”, afirmou, ao garantir que o governador sempre foi um democrata.

“Conheço Rui desde 1984, do Pólo Petroquímico [de Camaçari]. Ele é um democrata. É um pouco introspectivo. Talvez as pessoas mais antigas do PT buscam um diálogo maior com ele, o que é legítimo, mas dizer que o governador tem dificuldade de expressar posições democráticas, não é correto”, finalizou.